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Como solucionar a falta de milho?

Como solucionar a falta de milho?

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Por Glauber Silveira

O milho tem sido o principal cereal em debate neste ano, a preocupação com o desabastecimento tem sido enorme apesar do Brasil ser o 3° maior produtor de milho do Mundo, colhendo ao redor de 100 milhões de toneladas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos (360) e China (260). O Brasil é o 2° maior exportador de milho, com aproximadamente 35 milhões de toneladas, perdendo apenas para os Estados Unidos (72). O Brasil é superavitário, então o debate tem sido exatamente este como evitar a sua falta em um país que mais produz que consome?

É importante lembrar que há 60 anos atrás o cenário era outro, o país dependia da importação para atender a sua demanda interna. Foi somente após os anos 2.000 que a popularização do milho “safrinha” mais que dobrou a produção. O Milho Segunda Safra, ou “safrinha” como era ou é erroneamente apelidado, consiste no plantio do milho após a colheita da soja, durante o mesmo ano safra. Atualmente, 70% da produção brasileira de milho provém da “safrinha”, sendo os principais produtores: Mato Grosso (34), Paraná (11), Goiás (10) e Mato Grosso do Sul (8) na safra 2020/21.

O Brasil em 2021 produzirá cerca de 95 mi/ton.  número ainda não consolidado devido a tantos problemas que o milho sofreu nesta safra, com isto se espera uma quebra de mais de 20 milhões de ton., mas para 2022 espera-se um salto, 118 mi/ton., nos próximos 10 anos a produção poderá chegar a 200 mi/ton. Para isso é preciso melhorar a Comercialização do milho, ter um Seguro Receita, estimular o plantio do milho verão na Região Sul, ampliar a Safrinha no Brasil e aumentar a produtividade das lavouras!

Quando falamos em desafios do milho no Brasil um dos principais é a comercialização, a Abramilho tem debatido muito este tema com os compradores nacionais, explicando que o produtor precisa vender ao menos uma parte da sua produção, ele não tem como ficar com tudo em aberto esperando o comprador vir depois da colheita, a Abramilho explica que a necessidade de fixação de uma parte da produção tem feito que o milho seja exportado.

Na comercialização do milho, é preciso resolver este desajuste, equacionar o time da comercialização para que no mercado interno não falte milho e tenhamos que importar, como está hoje podemos produzir 200 milhões de toneladas com um consumo de 70 milhões que irá faltar pois o produto será exportado, afinal o mundo necessita de milho.  O mercado interno ainda utiliza um modelo de comercialização antigo e ultrapassado “de mão para a boca”, ou seja, compra e venda no curto prazo. Faltam práticas mais modernas como a Compra Futura ou Venda Antecipada, Barter e outras medidas que proporcionem maior segurança ao produtor, e assim permita mais folga para investir na cultura.

Outro problema é a falta de um Seguro Receita que dê ao produtor a tranquilidade para ampliar sua produção de milho, no caso do milho 2° safra, o que é importante diante de oscilações climáticas como as que ocorreram em 2021.

2020/21

O transporte da produção de Mato Grosso por hidrovia e cabotagem para atender o mercado consumidor das regiões Nordeste e Sul do Brasil, isso permitirá não apenas reduzir o custo como também diminuir em até 40% as emissões de CO² por tonelada se comparado ao transporte rodoviário.

As lavouras brasileiras apesar de contarem com a moderna tecnologia da agricultura de precisão, sofrem com a burocracia e demora na liberação de novas biotecnologias o que tem causado problemas como a perda no potencial produtivo e aumento da resistência das pragas, o que o produtor tem solicitado é que o milho venha com uma tecnologia que corresponda a suas expectativas, a resistência a pragas, resistência ao estresse hídrico são demandas recorrentes além de que o hibrido adquirido realmente expresse produtividade.

Os Estados da Região Sul do Brasil não contam com as mesmas condições climáticas que a Região Centro-Oeste para praticar o consórcio soja – milho. Com exceção do Paraná, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina dependem da produção do milho 1ª safra para atender à sua enorme demanda. Porém, o que se tem observado é que mesmo dependendo do milho 1ª safra para o seu abastecimento, a região Sul tem migrado para o plantio da soja como cultura de verão.

Além de todos os desafios expostos acima a armazenagem realmente é um grande gargalo junto com a logística, o Brasil tem uma capacidade armazenadora de apenas 50% de sua produção o que pressiona os produtores a venderam a sua safra antecipada caso contrário não tem onde entregar a produção, a maioria das traidings só recebe o produto já fixado o preço, sendo assim ou vende antecipado ou não tem como armazenar, por isto a Aprosoja lançou um programa de armazenagem onde busca soluções para que a armazenagem nos próximos 10 anos ao menos atinja a sua meta de atender a 100% da produção o que é algo fundamental para a segurança alimentar do país.

O milho será o grande protagonista no campo para os próximos anos, a demanda está aquecida e continuará, sendo uma grande oportunidade para o mercado interno e externo, o milho brasileiro tem conquistado consumidores mundo a fora, aqui a demanda segue aquecida ainda mais com o etanol de milho que vem demandando 2 milhões de toneladas a cada ano, a China já passa de 30 milhões de toneladas em importação, sendo assim é preciso profissionalizar e adequar a comercialização e termos a armazenagem a altura deste mercado, o Brasil precisa vencer a burocracia e investir mais e mais na pesquisa, com isto será celebrado como um fornecedor de grãos seguro para compradores nacionais e estrangeiros.

 

 

 

Glauber Silveira da Silva é Pres. Arefloresta,da C.S.Soja do MAPA, dir. da Aprosoja, Abramilho, produtor, agrônomo, Jornalista e apresentador do Direto ao Ponto.canalrural.uol.com.br/programas/informacao/direto-ao-ponto

www.facebook.com/glauberdiretoaoponto

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