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Falta de fertilizantes deve levar governo a priorizar relação com a China

Falta de fertilizantes deve levar governo a priorizar relação com a China

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A situação mais crítica é a do potássio, produto que o país importa 85% do volume que consome

Fonte Valor Econômico

O governo brasileiro considera real a possibilidade de falta de insumos agrícolas, principalmente fertilizantes, para abastecer o setor produtivo a partir do ano que vem. Sem saída a curto prazo, o Ministério da Agricultura vai priorizar a demanda de registros de defensivos de indústrias com capacidade de produzir e tentar estreitar ainda mais a relação com a China, principal exportadora de princípios ativos de pesticidas, para garantir o fornecimento na quantidade certa e no tempo esperado.

O diretor do Departamento de Sanidade Vegetal e Insumos Agrícolas do Ministério da Agricultura, Carlos Goulart, disse que a Pasta tem acompanhado e monitorado os efeitos nas cadeias de suprimento. “O cenário é real de eventual falta de fertilizantes, não para a primeira safra (2021/22), mas para as safras seguintes”, afirmou durante audiência pública na Câmara dos Deputados. Segundo ele, a situação deve se perpetuar e vai exigir planejamento da cadeia nacional.

A situação mais crítica é a do potássio, produto que o país importa 85% do volume que consome. Fósforo e nitrogênio também preocupam. As causas variam desde a crise energética na China e geopolítica em Belarus, grandes fornecedores, até questões imponderáveis, como o alagamento de minas no Canadá e o aumento do custo logístico global com a pandemia. “Vamos ter que encontrar fornecedores alternativos”, indicou.

Para os defensivos, o ministério não espera falta de oferta, mas constatou problemas pontuais de abastecimento ou de atrasos de entrega, principalmente do glifosato, herbicida mais utilizado no país. “Temos sensibilizado as equipes técnicas do ministério, Anvisa e Ibama, para, caso seja necessário algum tipo de alteração de registros para defensivos, para inclusão de fontes novas, fabricantes novos e formulações, que estejamos atentos para tentar promover os ajustes”, disse Goulart.

Como não é uma análise rápida nem simples, e dada a fila de processos aguardando despacho, o governo pediu agilidade na comunicação por parte da indústria. “Vamos trabalhar da melhor maneira possível para que o sistema regulatório não seja a trava da capacidade de solução da indústria nas suas alternativas para ofertar insumos para os produtores”, pontuou.

Goulart afirmou que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o chanceler, Carlos França, têm mantido diálogo com os chineses para garantir que não haja interrupção de abastecimento das matérias-primas de defensivos para as indústrias nacionais. Ele vê uma priorização da China ao Brasil devido à dependência asiática dos produtos da agricultura e pecuária brasileiras.

“Tem tido muito diálogo, mas não tem previsão ou uma perspectiva real de normalização dessa questão dos insumos. Tenho certeza que ela [Tereza Cristina] vai conseguir reverter em breve o cenário ou ter sinalização muito positiva”, afirmou.

Segundo Goulart, Brasil e China vão assinar um memorando de entendimento na próxima reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), marcada para fevereiro de 2022, para estabelecer uma cooperação técnica na área de agroquímicos. “A China também tem interesse de que não faltem insumos para o Brasil e tem demonstrado interesse real comprometimento em identificar essa questão conosco”.

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