
Flexibilização ambiental
Quando nos deparamos com a realidade as fantasias saem pelo ‘ralo’
Por Gil Reis – Consultor em Agronegócio.
“As previsões de eventos apocalípticos que resultariam na extinção da humanidade, um colapso da civilização ou a destruição do planeta foram feitas desde pelo menos o início da Era Comum.” Até agora, o planeta ainda existe. George Orwell observou: “As pessoas podem prever o futuro apenas quando ele coincide com seus desejos, e os fatos grosseiramente óbvios podem ser ignorados quando não são bem-vindos”.
Como já afirmei anteriormente quando nos deparamos com a realidade as fantasias saem pelo ‘ralo’. Os ambientalistas usam como forma de convencimento da existência de uma ‘realidade alternativa’ propostas intelectuais (teses) prevendo a destruição do planeta pelas mãos humanas, assinadas com títulos altissonantes em busca do ‘efeito Einstein’ para convencer o público leigo sobre questões climáticas. Durante certo tempo até convencem, todavia, quando todos se deparam com a realidade as coisas mudam. Creio que vale a pena citar David Forman, fundador de um grupo de pressão ambiental, quando afirma: “A eliminação progressiva da raça humana resolverá todos os problemas da Terra, sociais e ambientais”.
Sendo assim e de acordo com a cartilha de Forman seria preciso a eliminação progressiva da raça humana para salvar o planeta. O caminho está sendo trilhado pelos ambientalistas nos países em desenvolvimento criando normas que dificultem ou impeçam a produção de alimentos. O Reino Unido já aprovou legislação restritiva para a importação de, por enquanto, seis produtos do agro brasileiro, que está em fase de regulamentação por consulta pública. Pelo que se comenta o Parlamento Europeu pretende seguir o mesmo caminho e, pelo que se sabe, os EUA seguirão o exemplo.
Como a necessidade é a mãe de todas as virtudes e o tempo é o senhor da razão, a máscara de virtuosidade de proteção ambiental dos países mais empenhados nos ataques à produção brasileira começa a cair desnudando as suas verdadeiras faces e intenções. O grande causador da revelação é o conflito no leste europeu entre Ucrânia e Rússia. Leiamos o que foi publicado recentemente pela grande mídia internacional, vejamos o que publicou o Financial Times em 23 de março de 2022 – “UE revisa planos de alimentos sustentáveis enquanto guerra na Ucrânia atrapalha importações”.
“O presidente francês Emmanuel Macron sobre a estratégia alimentar sustentável pró-orgânica e anti-biotecnologia da Europa: ‘Foi baseada em um mundo pré-guerra da Ucrânia e deve ser revisada’. Os planos levariam a uma queda de 13% na produção de alimentos, disse ele em 18 de março. Macron precisa dos votos do poderoso lobby agrícola do país nas eleições do próximo mês, mas preocupações semelhantes estão sendo levantadas em outros estados membros, como Espanha e Itália.
Bruxelas concordou há dois anos em reformar suas práticas agrícolas como parte de um esforço para eliminar as emissões líquidas de carbono até 2050. Mas a invasão da Ucrânia pela Rússia viu uma queda nas exportações de grãos e fertilizantes desses países e levantou preocupações sobre a segurança alimentar. Os ministros da agricultura do bloco se reúnem em [28 de março] para discutir medidas de curto prazo para aliviar o risco de escassez e aumento de preços e possíveis mudanças em sua estratégia alimentar sustentável Farm to Fork.
Pekka Pesonen, secretário-geral da Copa-Cogeca, disse que a melhor maneira de reduzir as emissões de carbono é aumentar a produtividade. Ele quer que sejam permitidas novas tecnologias que permitam a edição de genes para melhorar a produção de animais e plantas. ‘A grosso modo, dois terços das melhorias de produtividade virão de melhor material genético, nossas colheitas e gado.’
Já o site Investing dia 24/03/2022 publicou artigo relatando o que ocorre nos EUA de autoria de Leah Douglas e Christopher Walljasper e Karl Plume – “Agricultores dos EUA pedem para cultivar áreas protegidas ante risco de oferta da Ucrânia”
“CHICAGO (Reuters) – Grupos agrícolas estão pedindo ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) que conceda habilitação para plantio em áreas reservadas para conservação, no intuito de ajudar a preencher a ausência de milho, trigo e óleo de girassol ucranianos em meio à invasão russa do país.
Em uma carta ao secretário de Agricultura dos EUA, Tom Vilsack, nesta quarta-feira, sete organizações que representam agricultores, produtores de ração, exportadores de grãos, usinas, padeiros e processadores de oleaginosas pediram ao USDA para dar flexibilidade no plantio, sem penalidade, de culturas em mais de 4 milhões de acres em ‘terras agrícolas de primeira linha’, atualmente inscritas no Programa de Reserva de Conservação (CRP, na sigla em inglês) da Agência de Serviços Agrícolas. O programa paga aos agricultores pela terra ociosa por um período de 10 anos.
‘Ainda não está claro se os agricultores ucranianos poderão plantar com segurança nesta primavera (do hemisfério Norte)’, disse a carta. ‘O tempo é essencial. A janela de plantio nos Estados Unidos já se abriu.’ Se esses acres forem plantados, com a produtividade média de milho de 2021, isso pode significar mais 18,7 milhões de toneladas de grãos produzidos.”
Pelo que pude entender os países tão ciosos da preservação ambiental terão que atender o pleito de seus produtores rurais de flexibilizar as duras regras ambientais para que seus povos possam ter alimentos à mesa. Ao que parece os líderes ambientalistas, além de não entender nada de agropecuária, não perceberam que ‘pau que bate em Chico, bate em Francisco. O comportamento dos líderes dos países desenvolvidos em relação ao resto do mundo me faz lembrar uma frase famosa: “A patifaria tem limites; a estupidez, não.” – Napoleão Bonaparte
O que mais me chamou a atenção na notícia publicada pela Reuters e reproduzida pelo site Investing foi este trecho ‘…pediram ao USDA para dar flexibilidade no plantio, sem penalidade, de culturas em mais de 4 milhões de acres em ‘terras agrícolas de primeira linha’, atualmente inscritas no Programa de Reserva de Conservação (CRP, na sigla em inglês) da Agência de Serviços Agrícolas. O programa paga aos agricultores pela terra ociosa por um período de 10 anos.’
Pois é, nos EUA as áreas privadas de preservação são pagas pelo Governo Federal, situação totalmente diferente do Brasil onde o produtor é obrigado a preservar por sua conta e risco sob pena de grandes penalidades, até de caráter criminal.