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Mata Atlântica produz metade dos alimentos consumidos no Brasil

Mata Atlântica produz metade dos alimentos consumidos no Brasil
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Os dados são do estudo Produção de Alimentos na Mata Atlântica, apresentado nessa quarta-feira (9), na COP 27, em Sharm El Sheikh, no Egito.

Da Redação

Embora detenha apenas 27% do total da área agropecuária do Brasil, a Mata Atlântica, bioma presente em 15% da área terrestre do país, é responsável por aproximadamente a metade da produção de alimentos para consumo direto da população brasileira. Ainda assim, emite somente 26% do total de gases de efeito estufa (GEE) do setor agropecuário.

Os dados são do estudo Produção de Alimentos na Mata Atlântica, realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica, apresentado nessa quarta-feira (9), na COP 27, em Sharm El Sheikh, no Egito.

O objetivo foi  avaliar de maneira integrada a situação fundiária, o uso da terra, a produção agropecuária e de alimentos no bioma Mata Atlântica para apontar tendências e oportunidades de sua contribuição para sistemas agroalimentares saudáveis e sustentáveis. Além disso, buscou-se identificar caminhos para que a produção agropecuária e de alimentos sejam compatíveis com a neutralidade de emissões de gases de efeito estufa do setor de uso da terra da Mata Atlântica até 2042.

Para Luís Fernando Guedes Pinto, diretor executivo da SOS Mata Atlântica, a análise reforça a proposta de ter a Mata Atlântica como um bioma mundialmente prioritário para a restauração .

“A combinação do fim do desmatamento com a restauração florestal e sistemas de produção agropecuária de baixo carbono permitem a Mata Atlântica se tornar neutra em carbono no setor de uso da terra. Essa oportunidade, combinada ao enfrentamento da dependência dos agrotóxicos, pode subsidiar um novo paradigma para sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis para o Brasil e para a humanidade como um todo”, afirma.

Biodiversidade

A Mata Atlântica, bioma presente em 3.429 municípios de 17 estados do Brasil, é um dos principais hotspots da biodiversidade do planeta. Fornece serviços ecossistêmicos fundamentais (com abastecimento de água e manutenção da qualidade do ar) para 70% da população brasileira e grande parte das principais metrópoles e áreas urbanas do país.

Considerada patrimônio nacional pela Constituição Federal, está protegida pela Lei da Mata Atlântica, publicada em 2006. “É o bioma mais devastado do Brasil, com remanescentes distribuídos de maneira desigual. Desde o início da colonização portuguesa, em 1500, o sistema agroalimentar brasileiro dependeu basicamente da Mata Atlântica durante a maior parte da história, mas o seu potencial atual para contribuir, de forma sustentável, com a segurança alimentar da população brasileira ainda é pouco conhecido e explorado”, completa Jean Paul Metzger,  professor do departamento de ecologia da USP, conselheiro da SOS Mata Atlântica e um dos autores do estudo.

O estudo buscou preencher essa lacuna, identificando que o bioma responde por parte importante da produção agropecuária do Brasil e grande variedade de cultivos, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2017:

  • 52% da produção vegetal de alimentos de consumo direto (exceto milho, soja e cana);
  • 30% da produção vegetal de não alimentos (fibras, látex e algodão);
  • 43% da produção de soja, milho e cana-de-açúcar, culturas alimentares de consumo direto, indireto (ração de animais) e de energia;
  • 56% da produção de alimentos de origem animal;
  • 90% do café conilon, 90% do feijão preto, 76% da aveia, 68% do tomate de mesa, 97% da maçã, 63% dos ovos, 63% da banana, 61% da cebola, 54% da batata, 88% do brócolis, 86% do chuchu;
  • 62% de cabeças animais (bovinos, ovinos, aves, suínos) do país, sendo 27% do rebanho bovino.

Portanto, seguindo sua tendência histórica, a Mata Atlântica permanece no Brasil contemporâneo como uma região fundamental para a agropecuária nacional.

“Esse resultado é alcançado com uma área de uso agropecuário e emissões de gases de efeito estufa comparativamente menores que a do Cerrado, que se tornou o paradigma e referência da agropecuária nacional nas últimas décadas a partir do cultivo de monoculturas em larga escala e em grandes propriedades”, explica Luís Fernando Guedes Pinto.

*Com assessoria

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