O Brasil não precisa de inimigos externos

Qualquer um que ouse divergir dos ambientalistas de plantão é atacado imediatamente.
Por Gil Reis – Consultor em Agronegócio
Já escrevi várias vezes a afirmativa que para que possamos alterar a imagem do Brasil não precisamos promover qualquer debate no exterior. O trabalho deve ser desenvolvido internamente no nosso país. Será que o leitor imagina que todos os argumentos elaborados no exterior contra o Brasil e o Agro foram criados lá, ledo engano, foram criados aqui por maus brasileiros que sofrem da ‘síndrome de Estocolmo’ e que imaginam que se abaixar para ‘pegar o sabonete’ perante a União Europeia favorecerá o Brasil e os favorecerá.
Além, naturalmente, das ONGs internacionais muito bem remuneradas e especializadas em distorcer as imagens do Brasil e do Agro por um motivo muito simples, enquanto conseguirem convencer o mundo que o Brasil é um grande problema ambiental os seus fluxos de financiamento continuarão. Será que existe algum financiador interessado em investir recursos em áreas onde não há problemas para denunciar? É exatamente o que acontece com a ciência do clima remunerada.
Como contrapartida existem bons brasileiros que trabalham seriamente para mostrar a realidade do Brasil e do Agro e todo o trabalho que vem sendo realizado através de políticas públicas e, principalmente, pelo nosso Ministério da Agricultura e Embrapa em prol do Agro sustentável sem se deixar abalar por extremismos prejudiciais capitaneados pela ONU a serviço da União Europeia.
Ao longo dos meus artigos procurarei levar aos meus leitores quem são os brasileiros que tem se notabilizado ao longo dos anos na defesa do Brasil e do Agro. Vamos ao primeiro que quero citar. Consultando os meus arquivos ‘implacáveis’ localizei um artigo de autoria de Marcelo Tognozzi, publicado no ‘Poder 360’ em 30/10/2021, sob o título “Os cães ladram e Evaristo passa”, que reproduzo partes do texto:
“Dr. Evaristo de Miranda é a voz solitária da lucidez ao mostrar a realidade ecológica brasileira. O doutor Evaristo vem de longe. Está na estrada há quase 50 anos. Sua formação é essencialmente técnica. Estudou engenharia agronômica na França numa época em que os partidos verdes e os ecologistas ainda não haviam sequestrado a agenda mundial do meio-ambiente, atacando qualquer um que ouse deles divergir. Saiu da Universidade de Montpellier em 1980 com um canudo de doutor em ecologia debaixo do braço. Seu trabalho foi sobre a agricultura tropical nas zonas semiáridas da África, mais exatamente no Maradi, uma das regiões mais pobres do Níger perto da fronteira com a Nigéria. Foram anos de estudo sobre agricultura tropical.
Nos últimos anos o bombardeio contra o Brasil foi tamanho, que não há pesquisa qualitativa ou quantitativa feita na Europa que não registre vinculação negativa Brasil e meio-ambiente. Os entrevistados lembram do Brasil como um lugar onde queimar florestas e exterminar povos originários (o novo nome dos índios) é algo banal, cotidiano. A destruição favorece o agronegócio, a mineração, a rede de infraestrutura e outras atividades econômicas que demandam grandes investimentos.
O professor Evaristo de Miranda tem sido a voz solitária da lucidez ao teimar em mostrar a realidade brasileira vista desde a Embrapa Territorial, de onde se monitora o Brasil real. Recentemente ele divulgou dados de uma pesquisa feita pela sua equipe sobre a situação das florestas e da vegetação nativa do Brasil e sobre o papel dos agricultores na sua preservação. Os registros mais relevantes são os seguintes:
A pesquisa tratou os dados de 5.063.771 estabelecimentos agropecuários do Censo Agropecuário 2017 do IBGE e as informações geocodificadas dos 5.953.139 imóveis rurais do Cadastro Ambiental Rural (CAR) até fevereiro de 2021.
Em terras públicas, as 1.689 unidades de conservação integral protegem 9,3% do território nacional. E cerca de 600 terras indígenas ocupam 13,8% do território nacional. O total protegido recobre 974.400 km2 ou 23,2% do Brasil.
Ao lado das áreas protegidas, o país mantém um enorme mosaico de áreas dedicadas a preservação da vegetação nativa em terras privadas. Hoje, elas estão mapeadas graças ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), instituído pelo Código Florestal, para todos os imóveis rurais. No início de 2021, graças ao avanço da informatização no campo, os dados geocodificados de cerca de 6 milhões de imóveis rurais e 4,6 milhões de km2 estavam registrados no Ministério da Agricultura.
Embrapa Territorial somou 2.828.589 km2 de áreas dedicadas à preservação no setor rural, a maioria em terras privadas. Os 5.953.139 imóveis rurais registrados no CAR contribuem com 2.274.156 km2 de vegetação nativa. Os 554.432 km2 restantes são de 1.809.626 estabelecimentos agropecuários, ainda sem registro no CAR, levantados pelo Censo Agropecuário 2017. Esse total representa 33,2% do país. O setor rural preserva um terço do Brasil. E utiliza, em média, 49,4% da área dos imóveis rurais, caso único no planeta. O resto é dedicado à preservação.
As áreas protegidas em terras públicas e as preservadas em terras privadas totalizam 4.802.988 km2 ou 56,4% do Brasil. Ainda restam muitos locais com vegetação nativa não contidos em terras protegidas ou preservadas. Toda essa vegetação nativa foi quantificada, de forma complementar. Quando às áreas protegidas e preservadas agregam-se as de vegetação nativa existentes em terras devolutas, áreas militares e imóveis rurais ainda não cadastrados no CAR chega-se a 5.642.359 km2 ou 66,3% do território nacional.
A título de comparação, a área dedicada à vegetação nativa no Brasil equivale à superfície de 48 países da Europa. O setor rural “ocupa” 63,4% do território nacional, usa apenas 30,2% dos quais 7,8% são lavouras. E dedica à preservação da vegetação nativa um terço do território nacional (33,2%)…”
Pois bem, apesar de todas as informações do artigo existem ‘clandestinos’ na área ambiental que desejam os mesmos direitos dos passageiros legais e que se arvoram, mesmo sendo fora das suas áreas de formação e atuação, a levantar críticas contra o trabalho da Embrapa e do Dr. Evaristo de Miranda com apenas afirmativas vazias sem qualquer dado técnico ou prova, contra mapas e números que, inegavelmente, têm ajudado o Brasil e o Agro.
Sou antiquado, faço parte de uma época que para se acusar alguém ou alegar seus erros era uma questão de honra se apresentar, como a base, dados técnicos ou provas do alegado. Mas, apesar de antiquado acompanho ativamente a chamada ‘modernidade’ onde através da internet se usa whatsApp e sites fabricados para denegrir pessoas ou organizações sem mínima observância da tão esquecida honra. Para qualquer um fica bem claro é que tais ‘clandestinos’ querem realmente é pegar carona na notoriedade alheia.
É preciso, urgentemente, desenvolver uma campanha, aqui mesmo no Brasil, para desmentir e desmascarar os maus brasileiros e as ONGs que divulgam em inglês falsas informações sobre o Brasil e o Agro com a finalidade de dar armas aos nossos inimigos apavorados com o desempenho e competência dos brasileiros que começam a dominar o mercado internacional.
Vale citar que o agronegócio exporta para 190 países e diversifica os produtos. Em 2021, houve a abertura de mercado para 69 produtos em 30 países diferentes: maçãs para Colômbia, Honduras e Nicarágua; gergelim para o México; gengibre e sementes para o Egito; bovinos para o Vietnã; carne e material genético bovino para o Iêmen e um incremento nas vendas ao Chile. Recorde de exportações no acumulado de janeiro a novembro de 2021: US$ 111 bilhões, acima do anterior de US$ 101 bilhões em todo 2018. Elas cresceram 18,4% em relação a 2020.
Em 2021, o Brasil exportou mais de 1,2 milhão de tonelada de frutas frescas, 18% a mais em volume registrado em 2020. O faturamento foi de US$ 1,060 bilhão de dólares, um crescimento de 20% e um recorde histórico. A manga foi a fruta mais exportada em 2021: 273 mil toneladas de fruta, aumento de 12% em relação a 2020. A maçã cresceu seu faturamento em 79% em relação a 2020, e o volume exportado em 58%.
Foram de 99 mil toneladas de maçãs, enviadas ao mercado internacional, A uva teve um aumento de 55% no volume exportado e de 43% em valor. Mamão, limão, melão também tiveram crescimentos expressivos. E a recente abertura do mercado chileno para o limão taiti brasileiro amplia as perspectivas nessa cadeia frutícola. O Brasil tem potencial para atender 50% da demanda chilena por limão taiti e reduzir a dependência das exportações concentradas na Europa.