
O Brasil precisa amadurecer
O Brasil precisa perder as ilusões de país jovem e encarar a realidade com postura madura
Por – Gil Reis consultor em Agronegócio.
A postura do Brasil frente ao conflito no Leste Europeu dá uma demonstração clara do amadurecimento na política internacional enquanto país. Infelizmente não é o suficiente, é preciso que nós os habitantes amadureçamos juntos e percamos as ilusões. Felizmente não mantive as ilusões da juventude, o que me faz recordar uma entrevista que assisti há anos quando uma jovem indagou a um General recém reformado – General, o senhor teve muitas desilusões? A resposta foi ‘curta e grossa’ – Nenhuma minha jovem, nunca me iludi, somente se desilude quem se iludiu.
Esta é a postura correta no mundo atual. Sinto muito ser obrigado a desiludir àqueles que acreditam, apesar de todas as demonstrações contrárias, que o dito mundo ocidental é nosso aliado e amigo. Tenho que relembrar aos que mantém ilusões que países não possuem amigos e sim interesses comuns. Não preciso ir muito longe para comprovar o que afirmo. Segue a entrevista publicada pelo Correio Brasiliense e repercutida pelo Canal Rural em 02/03/2022, sob o título ‘Belarus suspende venda de fertilizantes para o Brasil, diz embaixador’:
“Em uma entrevista para o jornal Correio Braziliense, o embaixador de Belarus no Brasil, Sergey Lukashevich, disse que o país, aliado de Moscou, já vem sendo impactada pelas sanções impostas a Rússia. Na entrevista, Sergey Lukashevich disse que Belarus foi obrigado a suspender as vendas de fertilizantes para o agronegócio brasileiro porque o escoamento foi proibido pela Lituânia, que fechou as fronteiras.”
A Lituânia é um dos países participes da OTAN, a organização é uma das inúmeras do dito mundo ocidental que hipoteticamente seria nosso aliado e deveria permitir que fertilizantes extremamente necessários ao agronegócio brasileiro pudessem escoar por seu território. Não é de hoje que o ‘dito’ mundo ocidental desrespeita o nosso país e invade a nossa soberania. Vamos a uma rápida viagem ao passado quando ingleses ‘furtaram’ mudas de seringueiras e às plantaram na Malásia nos excluindo do mercado internacional da borracha durante a 2ª. Guerra. Voltando ao presente, nos invadiram com milhares de ONGs que nos espionam e divulgam para o mundo ‘versões’ mentirosas do que aqui acontece e, pasmem, até a mor parte dos nossos cidadãos acreditam.
Não é recente a ambição de países que, hipoteticamente, são nossos aliados em relação à Amazônia. Diariamente ocorrem desmatamento e garimpos ilegais cujos frutos são contrabandeados para os países que os financiam, lamento, pois, isto é público e notório. Tudo isto sem falar do contrabando da nossa biodiversidade. O assunto fica cada vez mais sério, leiamos trechos do artigo publicado no jornal ‘O Liberal’ em 03/04/2022 pelo jornalista Aldo Rebelo foi presidente da Câmara dos Deputados, relator do Código Florestal Brasileiro e ministro das pastas de Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Defesa. Sob o título “A COP-15 da Biodiversidade e a Amazônia”:
“Delegados de todo o mundo reuniram-se em Genebra, na Suíça, na última semana de março para definir a agenda da Conferência Mundial COP-15 da ONU sobre a biodiversidade, marcada para agosto/setembro em Kunming, na China. A reunião aprovará o Marco Global da Biodiversidade, como o Acordo de Paris aprovou para o clima.
Qual o interesse específico do Brasil no evento? Em primeiro lugar o Brasil guarda na Amazônia 30% de toda a biodiversidade do mundo, avaliada por muitos em valor comercial de dezenas de trilhões de dólares, sem contar os biomas caatinga, pantanal, pampa e mata atlântica. O marco legal colocará em campos opostos os países ricos em biodiversidade, como é o caso do Brasil, e aqueles detentores de capacidades científica e tecnológica para lucrar com a biodiversidade que não possuem.
O acordo criará obrigações em escala internacional para a proteção da biodiversidade, cujo descumprimento ensejará não apenas críticas e sanções morais, mas a possibilidade de sanções internacionais contra países sem força econômica e política para se defender nos fóruns globais, como já ocorre na agenda dos direitos humanos com a introdução da cláusula “Responsabilidade de Proteger”, introduzida na Carta da ONU em 2005, que justificou, por exemplo, a intervenção na Líbia em 2011.
A tendência é que, no futuro, esses temas sejam elevados à categoria de ameaças à segurança internacional, como ficou provado na Resolução proposta pela Irlanda no Conselho de Segurança da ONU em relação ao clima e ao meio ambiente, que não prosperou graças ao veto da Rússia, apoiado pela Índia e pela China, apesar dos votos favoráveis dos demais 12 membros do Conselho, entre eles Estados Unidos, Inglaterra e França.
Os três temas do encontro são a conservação, o uso sustentável e a repartição dos benefícios. O último é o alvo da ambição dos grandes laboratórios farmacêuticos internacionais, interessados em patentear e comercializar os recursos genéticos da biodiversidade que não possuem e pelos quais querem pagar o menor preço possível. Naturalmente a intenção do Brasil e dos países ricos em biodiversidade é cobrar uma repartição compensadora por preservar e proteger esses recursos.
Em meio à preparação da conferência ressalta um escândalo divulgado pelo jornal Valor Econômico, que acompanhou o encontro em Genebra. Segundo o jornal, milhões de dados sem registro de origem estão depositados em bancos genéticos de todo o mundo, caracterizando a biopirataria moderna. Na biopirataria antiga, as mudas de seringueira saíam da Amazônia pela alfândega de Belém, subornada pelo governo inglês. Agora é o sequenciamento genético pirateado e depositado em instituições sob controle dos países ricos e de seus laboratórios.”
O Aldo e eu, assim como muitos outros, vimos denunciando através de artigos publicados, em diversos veículos de comunicação de vários estados, os ataques e barbaridades cometidos contra o Brasil por países, hipoteticamente, nossos aliados. Qual os resultados das nossas ações? Nenhum, falamos para ouvidos surdos e escrevemos para olhos cegos, o nosso povo ainda mantém as ilusões da juventude acreditando que o mundo ocidental é nosso aliado e nos ama. A que se deve isso? Surdez, cegueira ou covardia?
Uma coisa é certa, assim como na política externa o Brasil amadureceu o nosso país precisa amadurecer na sua política interna para coibir ‘duramente’ os abusos cometidos contra nós e a espionagem diária. Os poderes da república já foram infiltrados pelo ideário de ‘lesa Pátria’ pelos colaboracionistas que não são iludidos e sim que defendem interesses escusos. A invasão já começou há muito.