Home Agronegócio O desmatamento
O desmatamento

O desmatamento

0
0

A cada dia fica mais claro que o desmatamento ilegal não se destina à Agropecuária

Por Gil Reis – Consultor em Agronegócio

Todos os integrantes do meio rural tem consciência e sabem distinguir o desmatamento ilegal do legal e por isso preservam por amor ou imposição legal, todavia, o grande público não está inteirado da distinção e para ele tudo é desmatamento ilegal e quem o promove são os naturais da região. Dois erros em uma mesma frase, nem todo desmatamento é ilegal e quem os promove não são os nativos da região.

Naturalmente como amazônida vou tratar de Amazônia tão acusada de prejudicar o Brasil diante dos importadores mundiais em razão do desmatamento. Vamos mudar o viés da versão cantada tão decantada por todo o planeta. Creio que a primeira questão que deve ser levantada é – a que se destina o desmatamento ilegal? Como todos sabem o termo desmatamento ilegal surgiu da promulgação do ‘Código florestal’, todos que não obedecem o estabelecido nele trabalham na ilegalidade.

O nosso país tem enfrentado um problema muito sério para resgatar a legalidade e identifica-la. Aí surge uma segunda indagação – como distinguir o legal do ilegal reconhecendo os que usam legalmente as suas propriedades e os que às usam ilegalmente? A resposta é simples, basta que Congresso Nacional aprove o ‘PL da Regularização Fundiária’. Outro óbice, a aprovação do PL tem sido impedida e protelada de várias formas, não detalharei o assunto partindo para identificação dos que assim procedem, porém, pode-se afirmar que tais pessoas trabalham contra os interesses nacionais.

Todos perceberam que apesar do afirmado enveredamos pelo mesmo viés de sempre, assim vamos à mudança do viés de abordagem do desmatamento:

“Como você pode ver, não temos nada aqui que polua”, disse ele, apontando para as casas de barro, bambu e palha, algumas sem portas. “Eles continuam poluindo e nos pedem para proteger as turfeiras”, disse ele. “Eles devem pensar com cuidado.” Ele começou a contar nações em seus dedos. “Os britânicos, os franceses, os belgas, os italianos, os chineses, os japoneses, os americanos”, disse ele. “Eles são os poluidores. E são eles que têm de pagar.” As aldeias e suas necessidades nunca atraíram nenhuma atenção externa. “Se cortarmos as árvores, as turfeiras perderão seu carbono e isso destruirá o mundo”, disse ele, e fez uma pausa longa o suficiente para que um sinistro trovão ressoasse pela floresta tropical. “Então, se não os reduzirmos, o que podemos esperar do mundo em troca?”

Por mais incrível que possa parecer o texto acima não se refere à Amazônia, Faz parte de uma longa matéria escrita por Ruth Maclean, chefe da sucursal da África Ocidental do The New York Times, com sede no Senegal com título “O que os protetores das turfeiras do congo recebem em troca?”, que transcrevo mais alguns trechos:

“Neste local, quatro dias antes, Papa Joseph havia encontrado um madeireiro cortando algumas das maiores e mais valiosas árvores de Lokolama, disse ele. Ele sabia que o madeireiro se chamava Guy e que pagara a uma aldeia vizinha pelo direito de cortar suas árvores para obter madeira. Mas até onde papai Joseph sabia, ninguém em Lokolama havia autorizado tais serviços. Quando ele desafiou Guy, o madeireiro sacou uma arma. Felizmente para Papa Joseph, um caçador próximo ouviu o confronto, veio correndo e se colocou na frente da arma, implorando pela vida de Papa Joseph. Guy guardou o revólver e foi embora.

Agora não. Não desde que lhes foi dito para protegê-los. “Eles nos falam sobre as mudanças climáticas”, disse Papa Joseph, referindo-se aos pesquisadores que visitaram. “Dizem que as turfeiras absorvem o calor para armazená-lo no subsolo. Se os destruirmos, será um desastre. O mundo vai explodir.” Com esse cenário em mente, e sem saber o que as delegações de cientistas, oficiais e ativistas queriam dizer com “proteger” a turfa, os anciãos instruíram os aldeões a se afastarem de Entoku, exceto em ocasiões especiais como a visita de Emba. Pegar peixe lá era um deleite raro.

A PRIMEIRA VEZ QUE estranhos brancos apareceram em Lokolama foi há quase um século, Papa Joseph e os anciãos da aldeia concordaram. A vida mudou da noite para o dia. Leopoldo II, o rei dos belgas, havia conquistado uma vasta área da África central como seu feudo pessoal em 1885. Usando as notórias marcas registradas de seu governo, chicotes de couro de hipopótamo e assassinato em massa casual, ele fez uma fortuna.

Mais tarde, madeireiros desceram pela estrada de terra. Cada vez mais, comerciantes de madeira descem a estrada que corta Lokolama e Penzele, trazendo motosserras cujo zumbido ecoa pela floresta. Alguns têm as licenças corretas. Muitos não.

Papa Joseph e outros anciãos de Lokolama alegaram que o WWF havia feito o mapa de forma inadequada, consultando apenas Penzele. Em uma entrevista em Mbandaka, os representantes do WWF negaram veementemente isso. O WWF e a organização encomendada pelo Greenpeace dizem que consultaram ambas as aldeias para fazer os mapas”.

A matéria nos torna conscientes que nós não somos os únicos alvos da sanha ambientalista e das ONGs internacionais, além de esclarecer, tanto lá como cá, que o desmatamento tem como finalidade a extração de madeira. No nosso caso além do nosso enorme território produtivo, madeira e os minério que são inegáveis riquezas nossas e que precisam ser utilizadas para o desenvolvimento da região. Tais qualidades despertam a cobiça dos países europeus e dos EUA.

Amazônia precisa urgentemente ter a sua produção, atividade madeireira e mineração legalizadas para que possamos nos desenvolver enquanto região. Enquanto isso somos como aquele ‘trilhardário’ cuja fortuna está trancada em um cofre inacessível e vive passando fome. Hoje os amazônidas são os campeões mundiais da preservação florestal às suas próprias custas. Alguém precisa pagar a preservação promovida pelos habitantes da região que, de acordo com ambientalistas, está salvando o planeta para o uso e gozo de toda a humanidade.

Por obséquio, não entendam a expressão ‘pagar’ como se o que quiséssemos fossem apenas recursos financeiros, não somos mercenários. O pagamento há que ser traduzido, também, como a nossa ‘inclusão’ nos benefícios da cidadania que gozam os demais brasileiros do resto do país, destacando a proteção, educação e saúde. A meu ver a extensão dos benefícios da cidadania aos amazônidas, que somente são reconhecidos como brasileiros quando se faz conveniente, é a grande solução para resolver o problema representado pelo desmatamento ilegal com a transformação de um ‘povo invisível’ em aliado.

Para encerrar, o artigo também nos esclarece o comportamento, no passado, dos europeus moralistas e salvadores do planeta:

A vida mudou da noite para o dia. Leopoldo II, o rei dos belgas, havia conquistado uma vasta área da África central como seu feudo pessoal em 1885. Usando as notórias marcas registradas de seu governo, chicotes de couro de hipopótamo e assassinato em massa casual, ele fez uma fortuna.”

Vale lembrar que a Bélgica hoje sedia o ‘Parlamento Europeu’ que impõe ao mundo os regramentos ambientais e dos direitos humanos. O Parlamento hoje é presidido por Roberta Metsola Tedesco Triccas representante da Republica de Malta, um arquipélago com apenas 316 Km2, o menor país da Europa.

Deixe uma resposta