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Responsabilidade socioambiental

Responsabilidade socioambiental

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É, mais uma, expressão que está na ‘ponta da língua’ de alguns que não tem noção do que significa.

Por Gil Reis – Consultor em Agronegócio

Eis que adentramos o ano de 2022, deixando para trás os idos de 2021, altivos e corajosos com a pretensão de mudar tudo e começar uma vida nova. O grande risco que todos correm é de, apenas, repetir erros e acertos do passado, afinal, como diz a neurolinguística – ‘o cumulo da insanidade é esperar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas’.

Este artigo não é mera louvação do Agro ou algum tipo de filosofia barata, o que o leitor atento acompanhará nas próximas linhas é a dura e fria realidade que assusta os que vivem no ‘mundo da lua’. Li recentemente um belíssimo e educativo texto de Xico Graziano, engenheiro agrônomo e doutor em Administração, professor de MBA da FGV, atual secretário do Meio Ambiente de Ilhabela (SP), publicado pelo “Poder 360” em 28/12/2021, sob o título ‘Acabou o tempo da agricultura predatória’.

Graziano, em seu texto, traz informações alvissareiras do Agro brasileiro para o Brasil e o mundo. O autor deixa claro que o Agro não comete o erro de achar que pode obter resultados diferentes fazendo o mesmo, pelo contrário, nos abeberamos e aplicamos todas as inovações disponíveis. Pedindo ‘vênia’, declarando respeito e gratidão ao Xico, transcrevo alguns trechos de seu texto:

“Uma gratificante história se repete: o Brasil colherá, em 2022, nova safra recorde de grãos. Vai aumentar a produção de soja, milho, feijão, amendoim e trigo. Somadas todas as lavouras anuais, a Conab estima que passará de 290 milhões de toneladas, cerca de 15% acima da anterior. Sensacional. Haverá acréscimo de 4,3% na área plantada, que deve atingir 72 milhões de hectares. Quase metade dessa terra receberá 2 vezes o plantio. O ganho principal virá da conversão de pastagens degradadas em culturas, no sistema chamado iLP (Integração lavoura-pecuária), o carro-chefe da moderna tecnologia do agro brasileiro.

São otimistas todas as previsões para o agro nacional nesse entrante 2022. Nas lavouras permanentes (café, cacau, laranja), na cana-de-açúcar, na pecuária (bovina, suína, aves, peixes), na floricultura, fruticultura, silvicultura, por qual setor se analisa, o ano novo trará boas notícias ao país.

Não é coincidência. A pandemia revelou a velha profecia: desde quando Pero Vaz de Caminha escreveu ao Rei, percebeu-se que essa terra abençoada seria o maior produtor de alimentos do mundo. Nossos antepassados mais próximos diziam isso. Estamos chegando lá. Há, todavia, percalços no caminho. Houve nesses meses recentes uma baita subida de preços dos insumos de produção da agropecuária. Fertilizantes, defensivos, sementes, diesel, arame de cerca, rações, dobraram de valor. Alguns, triplicaram.

Outra dificuldade do agro está, crescentemente, sendo oferecida pela agenda da sustentabilidade. Não adianta apenas produzir bastante. É necessário produzir com responsabilidade socioambiental. Acabou o tempo da agricultura predatória, que passava notas promissórias contra o futuro. Agora é tempo de ajuntar a produção com a conservação.”

O texto, além da boa informação, nos traz conhecimento e otimismo sobre o futuro do Agro e do nosso país, todavia, engana-se quem acha que é fácil traduzir em realidade o texto. A primeira providência que todos os cidadãos devem enfrentar é reconhecer a vocação agropecuária do nosso Brasil, em razão do seu vasto território com terras cultiváveis e aquelas que podem ser convertidas em cultiváveis, o que vimos demonstrando ser possível. Temos desmentido, com muito trabalho e recursos, tudo o que o mundo acreditava sobre o aproveitamento das terras para o uso do Agro. Lembrando sempre que o nosso clima apesar de ser o que chamam de ‘ameno’, ao longo da nossa história, com as suas alterações cruéis vem desafiando todos que labutam na produção de alimentos.

O produtor rural, diante das alterações climáticas, que não são nenhuma novidade, perde e recomeça novamente com aquela galhardia e coragem dos brasileiros da área rural, porquanto, sabe desde a mais tenra idade que manter sustentáveis as suas culturas não é fácil. Tem que enfrentar desde a crueldade das alterações climáticas, que não são novas, até as teorias absurdas dos ambientalistas que não entendem nada do Agro e jamais pousaram os pés descalços na terra nua para cultivar. Não criam nada, são meramente ‘criadores de casos’.

Vamos ‘destrinchar’ a expressão ‘responsabilidade socioambiental’. Comecemos com a primeira parte da expressão ‘socio’, nos remete à responsabilidade social. Vejamos o significado: “é o modo de pensar e agir de forma ética nas relações. Apesar de estar fortemente relacionada a empresas, a prática pode estar diretamente ligada a uma ação, realizada por pessoas físicas ou jurídicas, que tenha como objetivo principal contribuir para uma sociedade mais justa”.

Esqueçamos um momento os sociólogos, aos quais peço desculpas por enveredar por seus territórios, a responsabilidade social nos remete a ‘preocupação com o social’ que na minha opinião, que tem me causado o apedrejamento ao longo da vida, não é propriedade de nenhum partido, ideologia ou religião e sim ‘pré-requisito’ de cidadania, ou seja, quem não se preocupa com o social não pode se acreditar cidadão, o ser humano é preponderantemente um ser social e gregário. Alguns dirão ‘lascou-se’, está faltando cidadãos no Brasil. Ledo engano, durante 75 anos jamais encontrei alguém que não se preocupasse com o social, até os mais frios e desinteressados pelos problemas sociais se preocupam por questão até mesmo de sobrevivência, muitas vezes mesmo sem perceber.

Ambiental é também parte da expressão, destrinchemos: ‘Responsabilidade Ambiental é um conjunto de atitudes, individuais ou empresarias, voltado para o desenvolvimento sustentável do planeta. Ou seja, estas atitudes devem levar em conta o crescimento econômico ajustado à proteção do meio ambiente na atualidade e para as gerações futuras, garantindo a sustentabilidade. Volto a insistir, a preocupação da preservação da natureza é bem antiga no Brasil, qualquer produtor rural sabe muito bem a sua necessidade e vou mais longe, serei ‘bíblico’ novamente:

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra. E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento. E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi. E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.” – Gênesis 1:26-31

Assim, não custa nada seguir o que preceitua a Bíblia Cristã, usemos o meio ambiente e a natureza para a finalidade que foram criados, para o nosso benefício.

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