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Safra: qual o custo de se adubar?

Safra: qual o custo de se adubar?
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Por Glauber  Silveira

A agricultura teve seu inicio a 10 mil anos, mas o uso da fertilização é bem mais recente, e se tornou imprescindível para que pudéssemos obter a produtividade atual por há. O Brasil o Brasil é o 5º maior consumidor, mas tem só 2% da produção global, é o único país grande produtor agrícola que é altamente dependente das importações que atendem 76% da demanda, com gastos de US$ 10 bilhões/ano. O Brasil importa 94% das necessidades de potássio e 51% de fósforo, para um país agrícola e que tem tantas reservas não exploradas este é um cenário inadmissível em qualquer um outro país considerando precavido.

Começamos uma nova safra onde se projeta um crescimento superior a 2,5 milhões de hectares, sendo assim o Brasil cultivaria 71,5 milhões de há, com uma projeção de produção de 288,6 milhões de toneladas de grãos segundo a Conab, esta produção só é possível graças ao uso de fertilizantes, visto que a maior parte da produção se dá sobre áreas menos férteis como é o caso do cerrado que pode ser considerada uma área sem fertilidade, sendo assim para se produzir em um solo de cerrado se faz necessário no caso da produção de soja a adubação básica com pelo menos 500 kg\ha de super simples e com 200 kg de cloreto de potássio para a soja, no caso do milho teríamos a adição de nitrogênio.

Em 2020, o volume entregue de fertilizantes aos agricultores brasileiros superou 40,5 milhões de toneladas, o maior volume anual já registrado no país, em 2021 este volume deve crescer uma vez que novas áreas são incorporadas e estas áreas são principalmente de pastagens degradadas e que requerem uma adubação pesada para que venha a produzir, ou seja nesta safra o consumo deve crescer em 8% devido ao incremento de área e também ao aumento de plantio em segunda safra seja de algodão ou milho atingindo um valor superior a 43 milhões de ton.

Porém todo este aumento de demanda é muito temerário em virtude de diversos fatores que estão fazendo o preço dos fertilizantes subir demais e a relação de troca ficar altíssima, Os nitrogenados e fosfatados apresentaram aumento em seus preços no comparativo semanal, ocasionado principalmente, pela confirmação de que a China (grande exportadora) aplicará intervenções sobre às exportações de 29 diferentes fertilizantes, aumentando o tempo de inspeção das cargas que eram de 3 dias, para no mínimo 15 dias. Essa medida tende a afetar a oferta global dos nutrientes, sustentando ainda mais o cenário altista nas cotações, uma vez que o país chinês adotou essa mediação com intuito de garantir a demanda local.

No que tange aos potássicos, os preços dos fertilizantes seguem firmes nas principais praças do globo, pautado principalmente, pela instabilidade do fornecimento dos fertilizantes, devido as sanções impostas pelos Estados Unidos sobre a Bielorrússia. Como podemos ver toda esta dependência brasileira de importação de fertilizantes é muito temerária trazendo diversos riscos: A China sinaliza redução ou paralisação de exportações para proteger o mercado interno, o que provocará mais altas de preços em nível global: custos de produção estão em alta.  EUA, interrupção da produção das plantas na Costa do Golfo após as passagens dos furacões Ida e Nicolas. Europa: paralisações de plantas poderão impactar a oferta de insumos.

Com o atual cenário onde os fertilizantes tem aumentado os produtores estão cautelosos na aquisição uma vez que comparando a relação de troca da safra passada para esta no caso da soja o MAP saiu de 25 sacas para 35 sacas\ton., o super simples de 11 sacas para 16,5 sacas e o KCL de 18 sacas para 34,5 sacas, veja no caso do KCL um aumento de quase 100% segundo dados levantados pelo IMEA ( Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola), no caso do milho o MAP teve um incremento na troca por saca de 62 para 81 sacas por ton., a Ureia um incremento  na troca por tonelada de 50 para 81,2 sacas.

Quando fazemos a conta da relação de troca de um pacote de fertilizantes para se plantar soja hoje na região centro oeste saímos de uma relação de 12,8 a 13,5 sacas de soja para 20 a 21 sacas por há, ou seja seria o caso de nesta safra o produtor usar a sua reserva nas áreas onde já produz a mais de 5 safras, o histórico destas áreas apontam que se ele não adubar deve ter uma redução em torno de 10 sacas\ha mas se considerarmos que o custo seria de 22 sacas ele só ai teria uma renda de 12 sacas\ha ao usar a sua poupança do solo, sendo assim é algo para se faz as contas, já tivemos esta mesma situação em 2008 onde os fertilizantes tiveram a relação de troca também altíssima devido ao preço das comodities, não seria o caso de agora o produtor fazer as contas do custo benefício? Uma coisa é certa, esta será uma safra muito tensa em virtude dos altos custos, esperamos que o clima seja favorável! Boa sorte a todos os produtores.

Glauber Silveira da Silva é Pres. Arefloresta,da C.S.Soja do MAPA, dir. da Aprosoja, Abramilho, produtor, agrônomo, Jornalista e apresentador do Direto ao Ponto.canalrural.uol.com.br/programas/informacao/direto-ao-ponto

www.facebook.com/glauberdiretoaoponto

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