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Zero líquido a qualquer custo

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As políticas energéticas do UK estão sendo contestadas internamente.

Por Gil Reis*

As políticas ambientalistas que a União Europeia vem implementando começam a ser solapadas por países que à compõem, tudo porque os cidadãos que fazem parte destes países começam a contestar a adesão à tais políticas. Os cidadãos dos países que integram a UE começam a acordar e perceber o que está ocorrendo e quem irá pagar a conta, ‘vai sobrar pra nós’.

Para melhor esclarecer o assunto transcrevo trechos do artigo “Lord Frost adverte: Atingir o zero líquido a qualquer custo será um erro”, publicado em 20/5/2023 pelo Daily Express, com a autoria de Paul Homewood.

Com 800.000 empregos na indústria automobilística britânica em risco porque não estamos produzindo baterias suficientes para veículos elétricos, os principais fabricantes de automóveis estão exigindo regras comerciais renegociadas com a UE para nos dar mais tempo para recuperar o atraso.

Lord Frost, ex-diplomata, funcionário público e ministro de Estado negociador-chefe da Grã-Bretanha para o Brexit de 2019 a 2021, deixa claro onde está a falha. O problema subjacente é que estamos nos apressando na eletrificação de carros muito rápido para as tecnologias que temos’, ele insiste. O que isso mostra é que a expectativa que tínhamos no acordo comercial quando o negociamos era que as coisas teriam mudado até 2024, e isso não é verdade’. A partir do próximo ano, de acordo com o acordo, 45% das peças de um veículo elétrico devem ser originárias do Reino Unido ou da UE para de se qualificar para o comércio livre de tarifas entre os dois.

Sem atender aos requisitos, os carros fabricados no Reino Unido enfrentariam uma tarifa de 10% se vendidos na UE – tornando-os não competitivos. As baterias de carros elétricos são provenientes principalmente da Ásia e podem representar até 50% do valor de um carro. Mas não é apenas a fabricação de automóveis, acredita Lord Frost, mas também está sob intensa pressão da corrida para atingir o zero líquido – um compromisso do governo para garantir que o Reino Unido reduza suas emissões de gases de efeito estufa em 100% em relação aos níveis de 1990 até 2050.

Em entrevista exclusiva ao Daily Express, Lord Frost insiste: ‘Todos podem ver que não estamos prontos. A rede [fornecimento de eletricidade] não está pronta, os custos são muito elevados; tudo o que estamos fazendo é causar problemas desnecessariamente para nossa própria indústria’.  Nos dizem constantemente que o net zero 2050 não é apenas algo que deve ser feito, mas também algo que será bom para você e aumentará o crescimento econômico e todos ficarão em uma situação melhor’, diz ele.

Eu não acho que isso seja verdade. Estamos substituindo muitas maneiras perfeitamente boas de gerar eletricidade com gás e nuclear por maneiras ruins de gerá-la com energia eólica e solar, então por que você não esperaria que os custos subissem? Se exigimos a instalação de tecnologias ruins, como bombas de calor, isso atingirá os mais pobres. Se for uma boa tecnologia, as pessoas irão instalá-la de qualquer maneira. Se for uma tecnologia ruim e cara, o governo precisa obrigar as pessoas a fazê-lo.’

Uma vez apelidado de ‘o maior Frost desde o Great Frost de 1709’ por Boris Johnson, o homem de 58 anos é considerado por muitos conservadores como uma voz importante do bom senso e até mesmo um potencial futuro líder do partido. Ele acredita fortemente que a política do governo de zero líquido indo muito rápido causará danos consideráveis ​​à economia do Reino Unido, tornando-nos todos mais pobres, especialmente os menos abastados. Lord Frost não contesta que a mudança climática está acontecendo. Tampouco repudia a necessidade de políticas verdes para combater o aquecimento global.

Mas isso não é o mesmo que dizer que estamos em uma crise ou emergência climática, e não é o mesmo que dizer que a única escolha que temos é zerar até 2050’, diz ele. Essas são escolhas políticas – não são escolhas científicas. E com todas as escolhas políticas, você tem que pesar os prós e os contras; os custos contra os benefícios. E é isso que não estamos fazendo. Você não precisa negar a ciência para dizer que precisamos ver como estamos lidando com isso e se faz sentido’.Com a China prestes a dominar o mercado de carros elétricos na Europa e os EUA nos fornecendo gás de xisto, o ex-ministro está furioso por estarmos tornando outros países mais ricos enquanto nos tornamos mais pobres.

Obviamente, não faz sentido como política’, diz ele. ‘Como país, somos [responsáveis ​​por] cerca de dois por cento das emissões globais. Poderíamos fechar a economia britânica amanhã e isso não faria diferença para a natureza do problema. Estamos ajudando [a China] deslocalizando nossa própria produção e tornando a energia mais cara. Estamos indo junto com isso e nos tornando mais fracos. Não faz sentido em um mundo que se tornou mais perigoso’. Com o estado atual da tecnologia, a ideia de que as energias renováveis ​​nos tornarão mais seguros parece ser uma falácia total’.

Ele enfatiza como é ainda mais frustrante quando sabemos qual é a solução. É gás, mudando para nuclear – essa é a maneira de reduzir as emissões de uma forma que impulsiona a economia’, acrescenta Lord Frost. Não é diminuir nossa capacidade de produzir energia, esmagar a economia e fazer as pessoas viverem de uma maneira diferente. Acho que as pessoas não vão aceitar isso.’

Lord Frost está exasperado com a atual moratória na exploração de gás de xisto. Temos tanto gás de xisto neste país que poderíamos estar explorando. Uma instalação de gás de xisto do tamanho da Praça do Parlamento pode produzir a mesma quantidade de energia que um parque eólico 10 vezes maior do que o Hyde Park. Há uma sugestão de que removemos os grilhões da UE, apenas para substituí-los por net zero. Sim, grande parte da legislação de zero líquido é herdada pela UE e agora está em nossas mãos mudá-la, mas não parecemos ansiosos para fazê-lo’, diz Frost. Acho que as pessoas foram capturadas por essa ideologia. Elas acreditam na mensagem sem pensar nisso com rigor.”

Que o que está ocorrendo na Uk deve ficar para exemplo, pois demonstra que importar o ambientalismo da UE é um mau negócio para o seu pais. O que fica bem claro para que importar o ambientalismo europeu ou já tenha importado é uma péssima atitude chegando ‘às raias’ de crime de ‘lesa pátria’. O que é bom para a União europeia não é necessariamente bom para o resto do mundo. O artigo do Daily Express, de autoria de Paul Homewood deixa bem claro o assunto e comungo com a mensagem nas entrelinhas.

“Determinadas coisas capturam o seu olho, mas leve a cabo apenas aquelas que capturam seu coração” – Provérbio indiano.

*Consultor em Agronegócio

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