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A saga do povo judeu.

A saga do povo judeu.
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Tudo começou há 19 séculos com o imperador romano Adriano.

Por Gil Reis*

Não há na história universal nenhum registro do sofrimento de um povo que se equipare ao do povo judeu. O conflito que o mundo hojetestemunha não é nenhuma novidade. Os hebreus nome originário dos judeus se constituíram inicialmente em um pequeno grupo de pastores nômades, organizados em clãs, chefiados por um patriarca. Dois mil anos AC, de acordo com relatos bíblicos o povo hebreu se libertou do jugo do Egito e foi conduzido por Moisés para a terra prometida pelo Deus de Abraão.

Desde então os hebreus ocuparam o território de Canaã, até a conquista do Império Romano quando começa a nova saga deste povo conforme escreve, Marcelo Tognozzi 61 anos, jornalista e consultor independentecom MBA em gerenciamento de campanha políticas na Graduate School Of Political Management – The George Washington University e pós-graduação em Inteligência Econômica na Universidad de Comillas, em Madrid, no artigo “Adriano e o fim da Judeia”, publicado em  28/10/2923 pela Gazeta do Amapá demonstra que o Imperador romano Adriano criou um conflito que já perdura quase 2.000 anos. Transcrevo trechos.

Quando a guerra terminou havia nada menos que 580 mil judeus mortos. Foi o maior massacre daqueles tempos. A Judeia riscada do mapa e rebatizada de Palestina. O grande vencedor era um imperador de 58 anos vestido, como ele mesmo dizia, de couro e ferro. Adriano eraseu nome e sua guerra começara no ano 130 da era cristã, quase 19séculos atrás. A guerra da Judeia foi o fim da territorialidade dos judeus. Vencidos, humilhados, destruídos como nação, acabaram expulsos daquela que um dia foi a terra prometida de Moisés. As tribos, que unidas se tornaram nação, agora eram novamente atomizadas, despatriadas. Ser judeu deixou a condição cidadã para se tornar uma condição étnica, cultural e religiosa. Assim, a tribo dos asquenazi radicou-se na Europa Central, a dos sefarditas, na Península Ibérica, os romaniotes na Grécia e em dezenas de países como Irã, Egito, Índia ou Etiópia, comunidades judias foram se formando.

A guerra de Adriano contra os judeus foi de extermínio. Não só físico, mas cultural. Judeus se consideravam uma civilização, resistiam ser absorvidos pela cultura romana como ocorreu na Gália, Bretanha e Hispânia. O imperador mandou vir 2 legiões: a 12ª Fulminante e a 6ª,conhecida como Legião de Ferro. Mais tarde, chegou o general JulioSevero, vindo da Bretanha com um grupo de especialistas em combaterguerrilha. Não demorou 1 ano para Bar-Koshba e suas tropas serem derrotados. A cabeça do líder hebreu foi entregue ao imperador por umcenturião e exibida como um troféu.

A violência imposta pelos romanos nessa guerra tinha como principal objetivo sufocar a rebelião de uma população que se negava a ser dominada. ‘Não podíamos impedir aquela raça de nos dizer não’, reconhecia o imperador conforme registro de Marguerite Yourcenar no seu clássico ‘Memórias de Adriano’. Aquela faixa de terra árida, quase um deserto entre o Mediterrâneo e o mar Vermelho, há 2 milênios cumpre seu triste destino de ser uma eterna zona de conflito. Por ali, passaram gregos, persas, sírios, árabes que tomaram a Europa por 800 anos, cruzados, turcos otomanos, os Exércitos de Napoleão, britânicos, norte-americanos, franceses e africanos.

A guerra deste século 21 transmitida nas telas dos celulares, redes sociais e portais de notícias é diferente só na tecnologia: o ódio a movê-la é o mesmo. De 135 a 1948, exatos 1.813 anos, aquela terra se chamou Palestina por obra e graça de Adriano. No século 19, o austríaco Theodor Herzl fundou o movimento sionista –o nome vem do monte Sião ou Sion. Os sionistas queriam de volta à terra tomada por Adriano e dada aos palestinos. Meio século depois de fundado o movimento, conseguiram sua terra de volta com a ajuda fundamental do brasileiro Oswaldo Aranha, então presidente da Assembleia Geral da ONU e um dos principais negociadores da criação do Estado de Israel.

Os judeus ganharam o direito de voltar a existir como nação depois da matança promovida por Hitler. Recuperaram a cidadania. Mas os árabes, donos daquelas terras havia quase 2.000 anos, não concordaram em devolver aos judeus aquilo que os romanos tiraram. E a guerra recomeçou. Quem segue o Corão e é devoto de Alá sabe do mandamento de se unir contra o inimigo comum. Esta é a cultura do Islã. Uma questão de sobrevivência. O que está ocorrendo desde o dia 7 de outubro é mais um episódio deste conflito milenar, quase eterno. Lá na distante guerra entre romanos e judeus, o imperador Adriano faz um balanço daquele conflito sangrento que dizimou 580 mil homens, mulheres, crianças, anciãos; levou 4.000 legionários para o inferno; destruiu 50 fortalezas; e aniquilou 950 vilas. Muitos judeus fugiram, enquanto outros eram leiloados como escravos nos mercados.

‘Não nego’, diz Adriano nas suas memórias escritas por Yourcenar:A guerra da Judeia foi um dos meus fracassos. (…) Nosso Exército sofria quase tanto como os rebeldes. Estes, ao retirarem-se, haviam queimado os pomares, devastado os campos, degolado o rebanho, poluído os poços, atirando neles nossos mortos. Esses métodos de selvageria eram horríveis, aplicados naquela terra naturalmente árida, corroída até os ossos por longos séculos de loucuras e furores.’ E conclui:Naquele ano 887 da Era Romana, minha missão consistia em sufocar a rebelião na Judeia e reconduzir do Oriente, sem perdas demasiadas, um exército doente’. Adriano morreria 4 anos depois, aos 62 anos, doente e solitário, carente de Antínoo, seu grande amor, o jovem de olhos azuis afogado nas águas do Nilo a quem transformou em deus mandando construir templos em sua homenagem.

Como o leitor pode verificar, no artigo de Marcelo Tognozzi, o ataque do grupo Hamas que testemunhamos hoje, criando o mais novo conflito que no Brasil acompanhamos pela grande mídia é, apenas, mais um capítulo na história sofrida do povo judeu. Não há nenhuma previsão de quando e se terminará a saga daquele povo. O atual conflito que transcende o problema de religiões e que nós brasileiros podemos denominar além de conflito religioso de ‘conflito fundiário’. Trata-se, ao fim e ao termo, uma guerra por questões religiosas e por conquistas de terras. Seguindo uma tendência totalmente humana o mundo partidariza, semelhante a partidarização que ocorre no Brasil, com países e pessoas tomando partido de um lado ou de outro.

O mundo, dito civilizado, tornou-se um grande estádio de futebol onde as pessoas, dependendo de seus conhecimentos, ignorância ou cultura torcem por um time ou outro. Creio que o mundo se tornaria muito melhor se as pessoas e os países se preocupassem e promovessem ações para superar os verdadeiros problemas da humanidade como a fome, pobreza, educação, segurança e saúde. Teríamos que nos mobilizar todos para o problema maior da fome x produção de alimentos. O maior problema que o Brasil enfrenta hoje é a sabotagem da produção agropecuária por países, suas ONGs e colaboracionistas que caso tenham sucesso vão faltar alimentos nas mesas dos brasileiros.

A guerra dos bombardeios, a guerra do protagonismo pela paz, a guerra de versões e narrativas se propaga e contamina o resto do mundo como uma epidemia de ódio – Marcelo Tognozzi.

*Consultor em Agronegócio  

 

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