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Incêndios florestais são novidade apenas na Amazônia.

Incêndios florestais são novidade apenas na Amazônia.
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Quando há qualquer incêndio na Amazônia o Brasil se torna a ‘bola da vez’.

Por Gil Reis*

Cada vez mais fica bastante claro que os incêndios ao redor do planeta são fenômenos naturais, porém no Brasil são considerados criminosos pelas autoridades mundiais e pela grande mídia internacional. Enquanto o mundo sofre incêndios devastadores os olhos dos ambientalistas estão voltados para qualquer ‘fumaça’ na Amazônia, mesmo que seja um pequeno foco de incêndio. Os incêndios florestais no Canadá destruíram 10 milhões de hectares este ano, tornando esta a pior temporada da história há mais de um mês para o fim do pico do verão. O ano de 2023 ultrapassou o recorde anterior, de 1989, quando mais de 7 milhões de hectares foram queimados. Califórnia, Grécia, Chile, Argélia, Itália, Croácia e Portugal estão pegando fogo com números enormes de vítimas humanas.

A reportagem assinada por Marco Garcia e Mike Blake “Incêndios em Maui levantam dúvidas sobre alertas, número de mortos chega a 80”, publicada pela REUTERS em 12/8/2023, revela a tragédia provocada por incêndios no Havaí, nas ilhas de Maui e Grande, que transcrevo trechos.

O número de mortos nos incêndios florestais de Maui subiu para 80 nesta sexta-feira, enquanto equipes de busca vasculhavam as ruínas fumegantes de Lahaina, e autoridades havaianas tentavam determinar como o inferno se espalhou tão rapidamente pela histórica cidade turística com pouco aviso. Os incêndios se tornaram o desastre natural mais mortífero da história do estado, superando o tsunami que matou 61 pessoas na Ilha Grande do Havaí em 1960, um ano depois que o Havaí se juntou aos Estados Unidos.

Ninguém entrou em nenhuma dessas estruturas que pegaram fogo e é aí que, infelizmente, prevemos que o número de mortos aumentará significativamente’, disse o senador americano Brian Schatz, do Havaí, à MSNBC. Em um comunicado no final da noite, o condado de Maui disse que o número de mortos havia subido para 80. O incêndio de Lahaina que se espalhou do mato para a cidade ainda estava queimando, mas 85% contido, disse o condado anteriormente. Dois outros incêndios florestais na ilha foram 80% e 50% contidos.

Três dias após o desastre, não ficou claro se alguns moradores receberam algum aviso antes que o fogo consumisse suas casas. A ilha tem sirenes de emergência destinadas a alertar sobre desastres naturais e outras ameaças, mas não parecem ter soado durante o incêndio.Autorizei uma revisão abrangente esta manhã para garantir que sabemos exatamente o que aconteceu e quando’, disse o governador do Havaí, Josh Green, à CNN, referindo-se às sirenes de alerta. As autoridades não ofereceram uma imagem detalhada de quais notificações foram enviadas e se foram feitas por mensagem de texto, e-mail ou telefonemas.

Green descreveu vários desafios simultâneos, com as telecomunicações desligadas e os bombeiros se concentrando em outros grandes incêndios florestais quando surgiu a maior ameaça a Lahaina. De qualquer forma, ele disse: Faremos tudo o que pudermos para descobrir como proteger mais nosso povo daqui para frente.

O chefe dos bombeiros do condado de Maui, Bradford Ventura, disse em uma coletiva de imprensa na quinta-feira que a velocidade do incêndio tornou ‘quase impossível’ para os socorristas da linha de frente se comunicarem com os funcionários de gerenciamento de emergência que normalmente forneceriam ordens de evacuação em tempo real.

Eles estavam basicamente evacuando sem aviso prévio’, disse ele, referindo-se aos moradores do bairro onde o fogo começou. O prefeito do condado, Richard Bissen, disse ao programa ‘Today’ da NBC na sexta-feira que não sabia se as sirenes dispararam, mas disse que o fogo se moveu extraordinariamente rápido.Acho que esta era uma situação impossível’, disse ele.

O desastre começou pouco depois da meia-noite de terça-feira, quando um incêndio foi relatado na cidade de Kula, a cerca de 35 milhas (56 km) de Lahaina. Cerca de cinco horas depois naquela manhã, a energia foi cortada em Lahaina, segundo moradores. Em atualizações postadas no Facebook naquela manhã, o condado de Maui disse que o incêndio de Kula consumiu centenas de acres de pastagens, mas que um pequeno incêndio de três acres (1,2 hectare) que surgiu em Lahaina foi contido.Naquela tarde, no entanto, a situação havia se tornado mais terrível. Por volta das 15h30, de acordo com as atualizações do condado, o incêndio em Lahaina começou repentinamente. Alguns residentes começaram a evacuar enquanto as pessoas, incluindo hóspedes do hotel, no lado oeste da cidade foram instruídas a se abrigar no local.

Nas horas seguintes, o condado postou uma série de ordens de evacuação no Facebook enquanto o fogo se espalhava pela cidade.Algumas testemunhas disseram que tiveram pouco aviso prévio, descrevendo seu terror quando o incêndio consumiu Lahaina no que pareceu ser uma questão de minutos. Várias pessoas foram forçadas a pular no Oceano Pacífico para se salvar. A evacuação de Lahaina foi complicada por sua localização costeira ao lado de colinas, o que significa que havia apenas duas saídas, na melhor das hipóteses, disse Andrew Rumbach, especialista em clima e comunidades do Urban Institute em Washington.

‘Este é o cenário de pesadelo’, disse Rumbach, ex-professor de planejamento urbano da Universidade do Havaí. ‘Um incêndio em movimento rápido em um local densamente povoado com comunicações difíceis e sem muitas boas opções em termos de evacuação’. A polícia barricou o centro de Lahaina enquanto as autoridades de saúde alertavam que as áreas queimadas eram altamente tóxicas e que a inalação de poeira e partículas transportadas pelo ar era perigosa.Pontos quentes ainda existem e o uso de máscara e luvas é recomendado’, disse o condado de Maui em um comunicado.

Os leitores tem ideia se um trágico incêndio como no Havaí, com tantas vítimas, ocorresse na Amazônia quais seriam as consequências para o Brasil e seus produtores rurais? Naquele país o evento trágico rendeu, apenas, grandes reportagens com manchetes altissonantes na mídia internacional, todavia se ocorresse no Brasil provocaria reunião de emergência na ONU com algum país pedindo a intervenção do Conselho de Segurança e o deslocamento das ‘forças de paz’ para a nossa região.

O nosso Ministério do Meio Ambiente deslocaria todo o seu aparato para cá, descartando os bombeiros regionais. Já o Ministério Público Federal viria investigar e punir os suspeitos de causar a tragédia e, não duvidem, pediria inclusive a intervenção dos estados, onde estavamocorrendo os incêndios, alegando incompetência das autoridades locais. Enquanto isso as ONGs internacionais aqui sediadas bradariam para omundo – nós bem que avisamos! Esta é uma previsão bem factível!

“Se você não for cuidadoso, os jornais vão acabar te fazendo odiar as pessoas que estão sendo oprimidas e adorar os opressores.” Malcolm X (1925-1965), ativista dos direitos dos negros.

*Consultor em Agronegócio

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