Pesadelo

Pesadelo
0
0

O agro brasileiro tem sido um verdadeiro pacificador e promotor de equilíbrio entre as nações.

Por Gil Reis – Consultor em Agronegócio

Esta noite tive um pesadelo e acordei, de madrugada, extremamente assustado. Tive a visão macabra de como ficaria boa parte do mundo sem a excepcional produção e exportação de alimentos do agro brasileiro para mais de 150 países. É preciso que todos tenham a dimensão verdadeira das consequências da falta de alimentos no mundo. A fome tem provocado, através da história, mais guerras e mortandades que as disputas por territórios entre países, por religião ou poder. Por isso, atrevo-me a afirmar que o agro brasileiro tem sido um verdadeiro pacificador e promotor de equilíbrio entre as nações.

Felizmente, ainda há articulistas como J.R. Guzzo, que publicou artigo, em 7 de dezembro de 2021, na Revista Oeste, sob o título “O Triunfo da Mentira”. O texto desmitifica a hipocrisia e falsa educação brasileira, na qual danosamente se disfarçam as inverdades com expressões educadas e começa uma nova era, na qual as falsidades, inverdades e invencionices serão nominadas pelo que são – mentiras. Com a liberdade de sempre, transcrevo alguns trechos:

“A dúvida é saber onde se mente mais, se no Brasil ou lá fora. Deve ser no Brasil: aqui, além da produção própria, importamos com paixão as mentiras manufaturadas na Universidade Harvard, ou no governo da Alemanha, ou no Le Monde. Qual a novidade? País subdesenvolvido é assim mesmo: copia tudo o que ouve ou que lhe mostram, e considera como verdade matemática tudo o que vem embalado em inglês, francês ou outra língua civilizada. Isso complica consideravelmente a questão. Qualquer alucinação originada nos centros mundiais da sabedoria, da democracia e do politicamente correto entra no Brasil com a facilidade e a rapidez com que entra por aqui a cocaína da Bolívia. Entra e cai direto no ouvido dos que mandam, influem e controlam — eis aí todo o problema. A partir daí, as mais espetaculares criações da estupidez mundial viram lei neste país, ou algo tão parecido que não se percebe a diferença.

De todas as mentiras de primeira grandeza que estão hoje em circulação no Brasil e no mundo, provavelmente nenhuma se compara ao complexo de falsificações montado para sustentar que o agronegócio brasileiro, e em especial a pecuária, está ameaçando a sobrevivência “do planeta”. Segundo o rei da Noruega, o diretor de marketing da multinacional high tech (e mesmo low tech) ou o cientista ambiental de Oxford, nossa soja e o nosso boi, que têm um papel cada vez mais fundamental na alimentação de talvez 1 bilhão de pessoas, ou mais gente ainda, são um terror. Juntos, destroem florestas, envenenam o mundo com “carbono” e provocam todo tipo de desastre natural — das enchentes às secas, dos incêndios à erupção dos vulcões. Não se deve discutir mais nada do ponto de vista científico, técnico ou da mera observação dos fatos — todos os que estão “conscientes” da necessidade de “salvar o planeta” concordam que a “humanidade” tem de “agir já” se quiser “sobreviver” à “crise climática”.

Nem é preciso falar, é claro, da Amazônia. Os cientistas, especialistas, ambientalistas etc do mundo inteiro dão como indiscutível, há anos, que o trabalho rural está destruindo, ou já destruiu, a Floresta Amazônica. A Amazônia está lá, visível para todos — continua sendo, disparado, a maior reserva florestal do mundo. Praticamente a totalidade dos grãos brasileiros é produzida em Mato Grosso, Goiás, Paraná, Rio Grande do Sul e áreas desenvolvidas do Nordeste — que diabo esses lugares teriam a ver com a Amazônia? O produtor rural no Brasil é o único no mundo obrigado a reservar 20% de suas propriedades, nem 1 metro quadrado a menos, para áreas de mata; não recebe um tostão furado por isso. (O que aconteceria se os agricultores americanos ou europeus tivessem de fazer a mesma coisa?) Mas nada disso importa; ninguém levanta essas questões, ou se permite alguma dúvida. A agropecuária está destruindo a Amazônia, o Brasil e o mundo, dizem eles. É proibido apresentar fatos desmentindo isso, ou simplesmente discutir o assunto”.

A meu ver, todas as mentiras criadas e propaladas têm um único destino: reduzir a produção e as exportações de alimentos, ensejando um crescimento dos conflitos mundiais e favorecendo o colonialismo de certos países. Trata-se, nada mais, nada menos, de uma ação deliberada para aumento de poder, como define o editor da obra ‘The Man in the High Castle’, de Philip K. Dick:

“O exercício do poder, cujo conceito subjacente parece ser a faculdade de agarrar a oportunidade no voo, graças à determinação e à malícia; a ilusão substituindo a realidade, disseminada, aliás, em toda a sua obra; a alucinação…, criando mundos imaginários sem saída; a maleabilidade do universo exterior — o desejo do homem de aceitar não uma “realidade” hipotética, no sentido kantiano do das Ding an sich, mas uma construção elaborada pelo efeito de idéias preconcebidas implantadas no seu cérebro”.

O editor, ao escrever este comentário, nos esclarece sobre o exercício do poder de forma distorcida e maléfica. Exemplifica o mau uso do poder, ‘mau’ como antônimo de ‘bom’. Poder é um termo que se originou a partir do latim ‘possum’, que significa “ser capaz de”, e é uma palavra que pode ser aplicada em diversas definições e áreas. A nossa República é composta por três poderes que são capazes de exercê-lo em consonância com o descrito na nossa Constituição. Ultrapassados os limites constitucionais deixa de haver bom uso do poder. Já o poder descrito pelo editor da obra ‘The Man in the High Castle’, no caso das ações ambientalistas contra o agro brasileiro, poderíamos enquadrá-las em parte do texto que diz: “O exercício do poder, cujo conceito subjacente parece ser a faculdade de agarrar a oportunidade no voo, graças à determinação e à malícia; a ilusão substituindo a realidade.” Naturalmente qualquer semelhança é total realidade.

A única solução que diviso, para nós do agro, é sermos resilientes e os brasileiros não se deixarem impregnar pelas mentiras disseminadas (Pai, perdoa-os, eles não sabem o que fazem), se quisermos que o Brasil se desenvolva e mantenha a sua soberania integral e se torne a ‘pedra no sapato’ dos neocolonialistas.

Paralelamente, temos que lutar para evitar que as mentiras sejam acreditadas e não determinem quais as decisões que devem ser tomadas, a começar pelas sentenças da Justiça. O único lado que deve nos importar é o nosso lado. Afinal, a redução na nossa produção e nas nossas exportações também seria uma enorme tragédia para o nosso país.

Deixe uma resposta